Localização
A Estação Experimental de Silvicultura Tropical (02º 37' a 02º 38' de latitude Sul, 60º 09' a 60º 11' de longitude Oeste) se encontra a 60 km da cidade de Manaus, Amazonas, Brasil (Figura 1). Tem acesso por uma estrada asfaltada (BR-174). Porém, sua parte posterior, que se liga à Reseva Biológica do Cuieiras, tem acesso apenas pela estrada vicinal ZF-2, com entrada pelo km 50 da BR-174 e percorrendo 34 km de terra até a estação INPA/LBA. A altitude média é de 50-100 m acima do nível do mar. O clima da região segue o tipo Afi de Koppen, com temperatura média 26ºC (máxima 39ºC e mínima 19ºC). A precipitação anual média é de 2.000 mm/ano, sendo a estação chuvosa de dezembro a maio e a estação seca de junho a novembro. A planície sedimentar Terciária, na área da Estação, é bastante dissecada por sua rede de drenagem, resultando em partes aplainadas (platôs), colinas de topos arredondados, vales amplos circundados por vertentes íngremes, retas e convexas de dezenas de metros.
Área e estado de conservação
A área da reserva florestal contínua, incluindo a EEST (Estação Experimental de Silvicultura Tropical), a Estação de Fruticultura Tropical, a Estação de Manejo Florestal e a Reserva Biológica do Cuieiras (estas duas últimas na estada vicinal ZF-2), tem 38.000 ha e limita-se com as Estações/Reservas da CEPLAC e UFAM. Situa-se em terras do Distrito Agropecuário da SUFRAMA, de quem foi adquirido em 1971. A área tem vários marcos, porém apenas parte da frente da mesma, na BR-174, está cercada (com cerca simples de arame). Excetuando-se as Estações de Manejo Florestal e Fruticultura, onde ensaios e cultivos foram feitos, a área encontra-se ainda em bom estado de conservação, apesar do eventual impacto causado por caçadores e extrativistas. No km 15 da ZF-2 há uma torre metálica com 45 m de altura para medidas e observações biológicas e climatológicas. A partir de 1987, tratamentos silviculturais (anelamento de árvores) e cortes seletivos de madeira em diferentes intensidades foram efetuados na Estação de Manejo Florestal (km 23 da ZF-2), permitindo o acompanhamento dos efeitos e da recuperação da floresta após exploração seletiva.
Características do sítio
A estação se encontra coberta por uma típica floresta tropical úmida de terra firme da Amazônia, ou Floresta Densa Tropical segundo a classificação RADAMBRASIL (Jardim e Hosakawa 1987). A cobertura vegetal ombrófila tem dossel uniforme com uma altura média de 32 m. A topografia é constituída de platôs recortados por riachos, que em certos locais formam planícies de alagação, e, em sua maioria, têm a nascente na área da reserva. Os solos da região são de origem de Sedimentos Terciário do Grupo Barreiras, que consistem em arenitos com argilitos intercalados (Ranzani 1980).
Na Estação de Silvicultura foi iniciado um projeto em 1979 (intitulado “Manejo Ecológico e Exploração da Floresta Tropical”) com os objetivos de avaliar o potencial de produção de madeira e apresentar um modelo de manejo florestal para a Amazônia Central. Os impactos de três intensidades de exploração madeireira foram estudados: (1) intensidade baixa, com remoção de 25 % da área basal (34 m-3.ha-1) das espécies comerciais da época; (2) intensidade moderada, remoção de 50 % da área basal (49 m-3.ha-1) das espécies comerciais; e (3) intensidade alta, remoção de 75 % da área basal (67 m-3.ha-1) das espécies comerciais. Áreas de floresta primária sem extração madeireira (controle) foram monitoradas também, servindo como base para determinação da magnitude dos impactos. Parcelas permanentes de 1 ha (100 x 100 m) foram instaladas nas áreas previamente (1980-1986) à exploração madeireira; oito parcelas para cada intensidade de exploração e área sem exploração.
A exploração madeireira foi realizada em 1987 e 1988 nos moldes do manejo de baixo impacto da época. Dentro das parcelas todas as árvores com diâmetro altura do peito (DA) ≥ 10 cm foram marcadas, mapeadas e identificadas. Inventários anuais foram realizados a partir da exploração para determinação da mortalidade e recrutamento (indivíduos que alcançam DAP mínimo para o inventário). As medidas de DAP foram convertidas em biomassa através de equações alométricas recentemente desenvolvidas para florestas da região. O projeto LBA (Large-Scale Biosphere-Atmosphere Experiment - http://lba.inpa.gov.br/lba/) montou uma torre climatológica completa na Reserva ZF-2, instrumentou uma bacia hidrográfica e um poço profundo para estudos de química do solo, além de fazer a manutenção dos equipamentos do Laboratório Temático de Solos e Plantas (LTSP).
Histórico de pesquisas
Um levantamento de larga escala dos conteudos de N e C no solo foi feito numa grade de 8 km x 8 km. Os impactos do corte seletivo de madeira sobre a física e química do solo foram estudados durante a fase I do PELD. Os trabalhos que foram realizados na Estação identificaram 409 espécies de árvores distribuídas em 206 gêneros e 51 famílias botânicas. A pesquisa na área de silvicultura envolve principalmente trabalhos de caracterização estrutural da floresta (densidade, área basal, volume, composição específica, e taxas de regeneração natural). Além disso, cortes seletivos de diferentes intensidades e tratamentos silviculturais em parcelas de 4 ha foram feitos a partir de 1987 e tem sido monitorados desde antes do corte até o presente, para determinação do crescimento, recrutamento e mortalidade das árvores acima de 10 cm de DAP. Estudos da regeneração natural das árvores foram conduzidos durante 5 anos. Estudos dos impactos do corte seletivo de madeira sobre palmeiras, plantas do sub-bosque e sobre a produção de frutos foram conduzidos durante a fase I do PELD.
A contribuição de cada componente da floresta para o balanço de carbono na floresta foi determinada, incluindo a biomassa aérea, o perfil do solo, a liteira (produção, deposição e decomposição), e a biomassa microbiana do solo. O estudo da densidade de invertebrados do solo e liteira foi feito durante três anos. Os ciclos de água e dos principais elementos químicos foram analisados incluindo o carbono e o nitrogênio. O balanço hídrico foi também feito para a área da Estação em condições naturais e sob manejo florestal. Estudos dos efeitos de diferentes intensidades de corte de madeira e do anelamento de espécies arbóreas não-comerciais sobre as populações ou comunidades da fauna foram conduzidos para pequenos mamíferos, morcegos, insetos, anfíbios, lagartos e pássaros do sub-bosque.
Infraestrutura/Logística de apoio:
Essas áreas possuem estrutura de sala de aula, alojamento e laboratórios para auxílio aos pesquisadores e alunos envolvidos nos projetos.