
Na primeira fase do PELD pouca interação entre sítios ocorreu efetivamente. As dificuldades de integração devem-se em parte às diferenças entre ecossistemas, mas principalmente à falta de padronização entre as áreas de pesquisa. A inexistência de padronização dificulta as comparações entre sítios, já que mesmo processos iguais, mas estudados em escalas diferentes, não são comparáveis.
Em um esforço preliminar de padronização, 4 sítios PELD (sítios 1- Floresta Tropical Umida, 2 – Pantanal Sul, 11 – Pantanal Norte e 12 - Caatinga) estabeleceram um delineamento experimental padronizado, com base no sistema RAPELD (Magnusson et al. 2005). Este sistema consiste em uma grade de trilhas com pelo menos 5 x 5 km, com parcelas permanentes, demarcadas em curva de nível, distribuídas a cada 1 km, e uma série complementar de parcelas “especiais” designadas para cobrir de maneira mais uniforme possível ambientes com distribuição mais restrita (por exemplo, os cursos dágua, em florestas, ou topos de morro em paisagens alagadas). Nesta fase, os estudos nas grades RAPELD se concentraram principalmente em determinar as características ambientais básicas (topografia, textura e fertilidade do solo, estrutura da vegetação, características físicas e químicas da água, características morfológicas dos cursos d’água) das parcelas permanentes e em mapear as distribuições de organismos individuais e comunidades em relação às características do ambiente, embora alguns estudos de dinâmica de populações e comunidades tenham sido também desenvolvidos.
Com esta base de informações ambientais, e com os inventários iniciais de populações e comunidades conduzidos, a estratégia para a fase II será de implementar o monitoramento temporal de populações e comunidades selecionados em todos os sítios com grade RAPELD que tiverem interesse na colaboração, usando sempre métodos comparáveis entre sítios. Não se pretende necessariamente monitorar as mesmas espécies em cada sítio, mas espécies dos mesmos grupos biológicos, que possam servir de indicadores de mudanças antrópicas diretas e de mudanças climáticas. Especialmente para monitorar efeitos de mudanças climáticas será necessário acompanhar espécies típicas de cada ecossistema, e que geralmente não são as mesmas entre ecossistemas.
A idéia é ser capaz de comparar a intensidade dos impactos de mudanças em escala global entre ecossistemas, usando informações em escala comparável, sobre indicadores específicos. A troca de informações entre as grades RAPELD será buscada para padronizar metodologias e abordagens, e para troca de experiências.
Os estudos de dinâmica de populações e comunidades, e de dinâmica da vegetação implementados na fase I do PELD Manaus formaram a base das discussões sobre o programa de monitoramento do programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA, IBAMA/WWF). O delineamento RAPELD foi adotado pelo ARPA, bem como alguns protocolos para amostragem. Os gestores das unidades de conservação do ARPA tem grande interesse nas bases de dados geradas pelos sítios que usam RAPELD, pois estas constituem bases para comparação da dinâmica observada em suas áreas. Estão previstos, para a fase II do ARPA, treinamentos de agentes locais para o monitoramento de alguns dos mesmos componentes incluídos na presente proposta. Parte destes treinamentos será realizada na Reserva Ducke, por pesquisadores envolvidos na presente proposta.
Da mesma forma, o delineamento RAPELD foi adotado pelo IBAMA Licenciamento Ambiental, e portanto, bases de dados comparáveis em locais não-perturbados são importantes para este setor, de modo a que possam julgar os resultados do monitoramento das áreas impactadas. Os pesquisadores do sítio I do PELD têm estado envolvidos no treinamento dos analistas ambientais do IBAMA para a construção de um sistema de monitoramento ambiental integrado. Desta forma, a expectativa é de que várias áreas da Amazônia estejam sendo monitoradas com delineamento e protocolos semelhantes nos próximos anos.